Esta reportagem saiu no canal de educação da UOL:
Atenção: trata-se de um resumo bem curto é importante para uma primeira leitura, sugiro que o estudante/professor aprofunde em cada linha.
Cada escola usa os preceitos de uma ou mais linhas pedagógicas para
"moldar" suas aulas. Essas teorias, no entanto, nem sempre se manifestam
puramente no dia a dia dos alunos. Segundo a professora Cecília Hanna
Mate, da USP (Universidade de São Paulo), é possível encontrar práticas
que utilizam um ou mais aspectos de diversas linhas ao mesmo tempo,
assim como é possível haver posturas individuais de escolas que seguem
apenas uma dessas tendências.
A professora, no entanto, pondera que a metodologia de ensino é apenas
um dos fatores que rege a sala de aula: "É fundamental entender que no
cotidiano de uma sala de aula há sempre o imprevisível e o imponderável,
que as tendências procuram prever, regular, classificar, pois a
pedagogia é uma normatização da conduta, da inteligência e do
sentimento".
Segundo os especialistas consultados pelo UOL Educação, a coordenação pedagógica da escola é quem deve informar os pais sobre qual linha pedagógica é adotada na instituição.
Mais do que saber a pedagogia que a escola adota, é interessante que os
pais possam verificar, durante as aulas normais dos alunos, exemplos de
atividades que são realizadas nas aulas, para que se possa comparar o
que é dito ao que é de fato ensinado.
Saiba mais sobre algumas das linhas pedagógicas mais adotadas nas escolas brasileiras:
Escola comportamentalista
Como funciona: A
concepção comportamentalista enfoca a técnica, o processo e o material
postos em jogo. O ensino deve ser bem planejado, com materiais
instrucionais programados e controlados. O objetivo é que os resultados
possam ser mensurados e que o estudante adquira os comportamentos
desejados, moldados segundo necessidades sociais determinadas.
Por essa pedagogia, o professor tem como tarefa controlar o tempo e as
respostas dos alunos, dando-lhes feedback constantes. O aluno é visto
como alguém que pode aprender a partir de estímulos, que são
recompensados, caso os objetivos sejam alcançados.
Avaliação: O processo de avaliação é feito por provas, semelhantes às da linha tradicional.
Escola construtivista
Como funciona:No
construtivismo, o saber não é passado do docente ao aluno: o estudante é
que constrói o conhecimento, por meio da formulação de hipóteses e da
resolução de problemas. O objetivo do construtivismo é que o aluno
adquira autonomia. A ênfase está no aspecto cognitivo.
As
disciplinas são trabalhadas em uma relação mais próxima com os alunos e
envolve diversos elementos, como música e dramatização. As séries são
organizadas em ciclos.
Avaliação: A linha construtivista
foi idealizada para que não houvesse provas, uma vez que o aluno deve
construir o conhecimento ao longo das aulas. As escolas, no entanto,
podem adaptar esse conceito em suas avaliações.
Apesar de estar
muito em voga no Brasil e em muitos países ocidentais, há também muitas
controvérsias quanto à aplicabilidade do construtivismo em nossa
realidade. Segundo a professora Cecília, falta de condições estruturais
(como condições de trabalho dos professores e o número de alunos por
sala) e aspectos políticos e ideológicos são alguns dos pontos
criticados por especialistas.
Escola freiriana
Como funciona:
Pela pedagogia baseada nas ideias de Paulo Freire, que é mais voltada
para a alfabetização, os aspectos culturais, sociais e humanos do aluno
devem ser levados em conta. Esta postura implica em ouvir o aluno para
ajudá-lo a construir confiança, para que ele possa entender o mundo por
meio do conhecimento.
Segundo Freire, o conhecimento faz
sentido para o estudante quando o transforma em sujeito que pode
transformar o mundo. Bom senso, humildade, tolerância, respeito,
curiosidade são alguns dos princípios defendidos por essa corrente. A
educação se torna uma ferramenta para "libertar" o aluno.
Avaliação: Assim como a linha construtivista, pedagogia de Paulo Freire não prevê provas, mas as escola podem ter avaliações.
Escola montessoriana
Como funciona:
A metodologia foi criada pela educadora italiana Maria Montessori e
parte do princípio da experiência concreta e da observação. A ideia é
que o aluno possa utilizar o conhecimento que já tem como base para a
abstração e, assim, assimilar novos conceitos.
As salas de aula
das escolas que adotam essa pedagogia têm, em média, 20 alunos e
procuram ter diversos materiais para estimular a aprendizagem. Em vez de
a professora passar as lições, as atividades ficam dispostas em sala e o
aluno escolhe qual irá fazer no dia. Ele deve cumprir os módulos
obrigatórios para avançar os estudos. As salas podem ser ordenadas por
séries, como no ensino tradicional, ou por ciclos, com mais alunos de
idades diferentes na mesma sala.
Segundo a pedagoga e
psicopedagoga Edimara Lima, a vantagem do método é que o aluno pode
aprender de acordo com seu ritmo: "Quem caminha mais rápido vai mais
rápido, e quem precisa ir mais devagar recebe tarefas paralelas para
aprender o que precisa". "A criança aprende a fazer escolhas, tem
exercício de independência e autonomia."
Avaliação: Pode
ter provas ou não, de acordo com a escola. Quando não há provas, a
avaliação é feita a partir dos registros que o professor tem sobre a
produção do aluno. No final do ensino fundamental e do médio pode haver
monografia.
Escola tradicional
Como funciona:
Na pedagogia tradicional o professor é a figura central. Ele ensina as
matérias de maneira sistematizada e o aluno absorve esses conhecimentos
como se fosse uma "tabula rasa". Apesar de vigorar em muitas escolas,
essa prática se instituiu por "inércia da burocracia e do cotidiano
escolar e pela crença de que o conhecimento era imutável e
transmissível", segundo Cecília.
Nas aulas tradicionais, os
conhecimentos são concebidos como verdades não sujeitas a variações nem à
dependência de contextos, diferentemente de pedagogias mais modernas,
em que o estudante deve "construir o conhecimento" e não simplesmente
absorvê-lo.
Avaliação: A forma de promoção é a
avaliação, que mede a quantidade de conhecimento que foi memorizada.
Quem não alcança a pontuação mínima é reprovado e deve cursar a mesma
série novamente.
De acordo com a professora, muitas
características do ensino tradicional estão presentes no Brasil e no
mundo "já que a própria formação de professores ainda é extremamente
tradicional".
Escola Waldorf
Como funciona:
A pedagogia Waldorf prioriza as necessidades do desenvolvimento do
estudante. A trajetória da criança é composta por ciclos de sete anos,
nos quais ela tem um tutor. As aulas do ensino infantil nesse sistema
tem ênfase em artes e em trabalhos manuais, como marcenaria, culinária
etc.
Diferentemente do ensino tradicional, em que os alunos tem
preocupações com horários e conteúdo a ser aprendido, na Waldorf o que é
levado em conta são as etapas de desenvolvimento do estudante.
Tendência democrática
Como funciona:
As escolas democráticas são baseadas na Escola Summerhill, nascida na
Inglaterra. Segundo a professora Cecília, elas são uma uma crítica à
educação tradicional, que seria baseada no "medo e no controle baseado
em ameaças veladas, presenças obrigatórias e outras imposições".
Seu grande diferencial é que seus alunos não são "obrigados" a assistir
as aulas obedecendo um cronograma comum, único. Eles escolhem as
atividades a fazer de acordo com seus interesses.
Avaliação:
Para avaliar os alunos, procura-se abolir também lições de casa e
provas; a avaliação é feita por sua participação e por trabalhos que
podem ser escritos, artísticos etc.
fonte: educacao.uol.com.br